Primeiramente me surpreende a postura de alguns políticos em não considerar a maconha como perigosa para a saúde. Só posso pensar que são movidos por ignorância cientifica! Quanto ao aspecto policial-econômico não iremos abordá-lo neste artigo.
Segundo a medicina, essas drogas são alucinógenas, causam dependência e graves sequelas aos seus usuários. Os aspectos ditos "medicinais" atualmente são bem delimitados, apenas para certas doenças graves, incapacitantes e incuráveis, onde seus efeitos psiquiátricos, entre outros, servem para “anestesiar o sofrimento”. Não é um produto medicinal de uso generalizado, até onde chegaram as inúmeras pesquisas sérias.
Os efeitos cardiovasculares são bem descritos na literatura médica e um artigo de forte impacto científico nos chama a atenção: “Infarto do Miocárdio desencadeado pela maconha” (Triggering Myocardial Infarction by Marijuana) do respeitado autor Mittleman MA, e colaboradores, na revista de maior importância na cardiologia mundial (Circulation - Vol: 103 - Págs: 2805-2809; 2001).
O princípio ativo da maconha é o THC, que fica depositado nas células gordurosas do corpo. Seus efeitos duradouros aumentam com o incremento das doses, e os principais sinotmas são:
1) Taquicardia paroxística em repouso, ou seja, importante elevação da frequência cardíaca (pulsação) que pode atingir o dobro da habitual em repouso. E não estou falando em “overdose”.
2) Extrassístoles ventriculares e supraventriculares são muito frequentes e surgem em geral, após aproximadamente 20 minutos do inicio de seu consumo.
3) Súbita e importante elevação da pressão arterial (alcança rapidamente 200 x 110 mm Hg) na posição deitada, queda da pressão se ficar de pé, provocando o que chamamos de síncope cardiogênica.
4) Aumento da absorção de monóxido de carbono, que provoca dificuldades respiratórias graves e redução do transporte de oxigênio para o coração.
5) Prejudica a atividade física de modo irreparável por alguns dias, tanto na resistência como na técnica da modalidade esportiva, até no simples caminhar.
Com base nas análises estatísticas observou-se um risco de infarto agudo do miocárdio 4,8 vezes maior nos primeiros 60 minutos após o uso da maconha comparando com os períodos de não uso. Ainda outros estudos, encontraram lesões de fibrose no miocárdio pela ressonância magnética do coração, os temidos focos de arritmias cardíacas complexas e graves, complicações diferentes do infarto do miocárdio.
Todos os efeitos se repetem, em grau ainda m ais avançado, em usuários do skunk, espécie de maconha com altíssimo teor de THC.
Por Dr. Nabil Ghorayeb - Especialista em Cardiologia e Medicina do Esporte
Artigo publicado em portal EU Atleta